Aniversário de Rondônia

Rondônia foi -e continua sendo-, para muitos, uma verdadeira Canaã. Pois oportunizou novas perspectivas de vida de legiões de brasileiros e cidadãos do mundo.

Júlio Olivar
Publicada em 04 de janeiro de 2018 às 09:33

Apesar de, oficialmente, o aniversário de Rondônia ser dia 4 de janeiro, comemoramos na terça-feira (2)  - para emendar o feriado de Réveillon. 

De qualquer forma, interessa deixar aqui nossa manifestação de amor e gratidão ao estado que nos acolhe. 

Rondônia foi -e continua sendo-, para muitos, uma verdadeira Canaã. Pois oportunizou novas perspectivas de vida de legiões de brasileiros e cidadãos do mundo.

Rondônia sempre recebeu a todos de braços e coração abertos. Gente de dezenas de pátrias e de todos os recantos do Brasil aqui aportaram com seus sonhos de uma vida melhor. E o estado correspondeu. 

É uma nova civilização que se firma na Amazônia, com particularidades ambientais, culturais, sociológicas e antropológicas que permitem falar em uma riqueza continuada apresentando indicadores socioeconômicos acima da média nacional graças, exatamente, ao caráter empreendedor do nosso povo.  

Acima de tudo está a nossa biodiversidade riquíssima, somos o portal da Amazônia Ocidental, o princípio do pantanal e temos o serrado e tudo o que possa haver em cada um desses biomas. Na cultura, somos a soma de todas as expressões porque o rondoniense caracteriza-se exatamente pelo seu caráter cosmopolita forjado nas tantas vivências trazidas pelos emigrantes e imigrantes. Porto Velho já teve, de princípio, como língua "oficial", o inglês no primeiro jornal e na cultura dominante nos tempos da construção da ferrovia EFMM. A atual capital um dia chegou até a ser dividida em duas: a cidade-empresa (domínio estadunidense e inglês, por onde passaram trabalhadores de umas 50 pátrias) e a Porto Velho dos brasileiros. 

Nos ciclos da borracha, levas de nordestinos modificaram os costumes da região com suas falas e culturas até hoje enraizadas em nossa essência. Os arigós ou soldados da borracha foram e são os heróis da resistência. 

Nesse caráter plural, não se pode anular a força das nossas tradições ameríndias que ainda sobrevivem na língua, nos costumes, e nos influenciam mais do que percebemos. 

O estado só foi instalado há 35 anos, mas, para chegar ao ponto de ser uma nova estrela na Bandeira Nacional, passou por muitas odisseias em que se despontaram verdadeiros heróis. O maior deles foi o sertanista e indigenista Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. Foi por sua força e tenacidade que a região foi integrada de fato ao Brasil e nosso mapa de Rondônia feito à foice e muita inteligência estratégica. 

Embora contestado por tantos por suas posições políticas, fato é que o coronel Aluízio Ferreira também foi essencial à formação de Rondônia. Discípulo de Rondon, nacionalizou a EFMM, foi diretor dos telégrafos, combateu o cangaço em Rondônia e -o mais importante- foi o proponente da criação do Guaporé, tendo recebido o presidente Getúlio Vargas em Porto Velho, que criou o novo território federal constituído por terras do Amazonas (onde estava Porto Velho) e Mato Grosso (onde estavam os antigos municípios de Santo Antônio do Rio Madeira --o maior do planeta em área-- e Guajará). 

Na política, o precursor --esquecido-- foi o médico Joaquim Augusto Tanajura, membro da Comissão Rondon (aliás, o velho militar creditava sua própria vida à devoção de Tanajura), que afixando-se às margens do Madeira foi o fundador da primeira escola, da maçonaria, do primeiro clube de futebol, do primeiro jornal em língua portuguesa, primeiro prefeito de Porto Velho e de Santo Antônio, primeiro deputado estadual... defensor dos índios, da educação, da saúde pública... Esquecido sem ter porquê. 

A BR-029 (hoje 364) seguiu as linhas telegráficas da Comissão Rondon e nos trouxe mais  heróis, tendo como timoneiro o presidente Juscelino Kubitscheck --e não se pode esquecer da figura do governador Paulo Leal (vide o livro "O outro braço da cruz"). 

Por fim, destaco os governadores Humberto Guedes e Jorge Teixeira. Dois coronéis do Exército. Um preparou e outro consolidou a transição de Rondônia de território para estado da federação. O dia festivo que marcou o novo tempo foi 4 de janeiro de 1982. Mas, muito antes disso, houve muitas lutas que jamais podem ser esquecidas. 

E o momento atual é de regozijo. A economia de Rondônia vai de vento em popa, ao contrário de alguns estados antigos e tradicionais (falidos, infelizmente). Nossa cultura foi dignificada com o maior teatro do Norte do Brasil. Nossa memória preservada no Memorial Rondon. Nunca houve tanto investimento em infraestrutura, em educação, em saúde. A "cara" de Porto Velho mudou com o novo Espaço Alternativo, a ponte do Rio Madeira, o porto modificado e hoje dos mais movimentados do Brasil, o Palácio Rio Madeira  e, por último, a internacionalização de fato do aeroporto. No interior, falta quase nada para integrar todos os municípios com asfalto, o estado "bomba" exportando carne para quase 50 países e tornando-se o maior produtor de peixes de água-doce do país (mais de 80 mil toneladas/ano). 

Confúcio Moura sempre figura entre os mais populares e influentes governadores do Brasil, colocando Rondônia num patamar nunca antes visto, atraindo investimentos e prevalecendo-se do soft-power. 

Grosso modo, esses foram/são os pilares de Rondônia. O estado que tem o "céu sempre azul" como entoa nosso hino, o mais bonito dentre os de todos os estados pela sua melodia e poesia.

Parabéns, RONDÔNIA! 

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