Um paciente terminal chamado saúde pública - Valdemir Caldas

Pimentel pode até ser bom de papo, mas não conseguiu ir além da mesmice.

Publicada em 27 de September de 2014 às 17:59:00

A Constituição Federal garante o acesso à saúde como um direito de todos e dever do Estado. Entretanto, quem já precisou recorrer a uma unidade pública de saúde sabe que a realidade é completamente diferente daquele mostrada, insistentemente, pela propaganda oficial.

No governo Cassol, o lema era “a saúde é a suprema lei”. Ele pode até ter-se esforçado para retirar o paciente da UTI, mas as tentativas profiláticas (se é que as houve) até hoje não resultaram em soluções práticas.

A população, sobretudo os segmentos mais carentes da sociedade, que não tem um plano de saúde, continua sentindo na pele as agruras de um sistema carcomido pela incompetência e pela corrupção.

Faltam médicos, medicamentos, leitos, material cirúrgico, enfim, tudo. Quando não é uma coisa, é outra. Quando não, tudo junto. E os profissionais da área, coitados, se viram como pode, mas não são milagreiros.

E não se diga, contudo, que os problemas ocorrem apenas na esfera estadual. Em nível municipal, a situação é deveras periclitante. Em algumas unidades, como na UPA da Mamoré, no bairro Tancredo Neves, falta até Dipirona Sódica.
Não é de agora que o Conselho Regional de Medicina de Rondônia (CREMERO) e o Ministério Público de Rondônia (MPE/RO) vêm apontando às mazelas do setor e apresentando alternativas que, levadas a cabo, contribuiriam de maneira significativa para amenizar o sofrimento da população, mas ambos têm falado a ouvidos moucos.

Houve quem acreditasse que a chegada de Williames Pimentel à SESAU mudaria o quadro de penúria no qual o sistema encontra-se, desde há muito, mergulhado, mas o tempo encarregou-se de revelar o contrário. Pimentel pode até ser bom de papo, mas não conseguiu ir além da mesmice.

A cada dia os problemas se acumulam e as soluções ficam mais distantes. Hoje, a única certeza é a de que a presença de Pimentel na direção da saúde estadual marcou apenas a troca de comando.
A mudança pode ter servido para muita coisa, menos para melhorar a qualidade dos serviços e o desempenho do governo nesse que é um dos setores cruciais da administração.