Tuberculose e HIV são o “casal do mal”, adverte médica infectologista do Cemetron

O tratamento preventivo reduz o risco de adoecimento em 62% dos casos, quando orientado pela prova tuberculínica e em 32% quando não há orientado.

Texto: Montezuma Cruz Fotos: Esio Mendes
Publicada em 26 de março de 2018 às 11:13
Tuberculose e HIV são o “casal do mal”, adverte médica infectologista do Cemetron

A médica infectologista Mariana Vasconcelos, do Centro de Medicina Tropical de Rondônia (Cemetron) classificou de “casal do mal” a tuberculose pulmonar e o HIV (sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana, causador da aids).

No Brasil, cerca de 10% das pessoas com TB estão infectadas pelo vírus HIV e, segundo a médica, 25% das mortes têm relação com ele, o que contribui para o crescente aumento da primeira.

O tratamento preventivo reduz o risco de adoecimento em 62% dos casos, quando orientado pela prova tuberculínica e em 32% quando não há orientado.

“Não consigo ver tema mais motivador no mundo”, ela declarou ao defender acesso oportuno ao diagnóstico da infecção pelo HIV e à terapia antirretroviral (TARV), preferencialmente em serviços de enfermagem próximos à casa do paciente.

O Dia Mundial de Combate à Tuberculose foi sábado (14), mas a Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) reuniu seus técnicos na manhã desta sexta-feira.

“Só o tratamento preventivo reduz o risco de adoecimento em diversas situações; baste ter febre, o teste deve ser feito”, alerta Vasconcelos.

No entanto, ela recomendou o máximo cuidado das pessoas com o teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB), que começo a ser usado em 2014 no Brasil. “É preciso um olhar crítico a respeito da reação em cadeia e da sensibilidade em pacientes, de acordo com a baciloscopia de cada um”, disse.

Em casa, segundo e médica, a coleta de escarro não deve ser feita em banheiro fechado, “para não transformá-lo em depósito da doença”. É preciso  promover adequada ventilação e iluminação dos locais em que há maior risco de transmissão dos bacilos (serviços de saúde, albergues, asilos, residências e unidades prisionais.

Em locais de serviço, empresas e entidades devem oferecer máscara cirúrgica para as pessoas com tosse nos serviços de saúde e máscara de proteção respiratória (PFF2 ou N95) para profissionais de saúde.

Para diagnósticos é necessário exame de escarro (baciloscopia, cultura ou teste molecular rápido para TB). Duas amostras de escarro são suficientes: uma colhida no momento da 1ª consulta e outra colhida na manhã do dia seguinte, ainda em jejum. Outros exames também podem ser solicitados (radiografias, tomografias, biópsias, etc). O raio-X de tórax também auxilia. Se o resultado do exame de escarro for negativo (baciloscopia negativa), a pessoa examinada não transmite a doença.

“A clínica é soberana”, proclamou Mariana.

SAÚDE DA FAMÍLIA, A SAÍDA

Rondônia é o primeiro estado brasileiro na classificação negativa do abandono ao tratamento, alertou a diretora da Agevisa Arlete Baldez. “Embora ela seja a primeira causa de morte infecciosa no mundo, ainda é uma doença negligenciada”, lamentou.

A TB está no mesmo rol da dengue, doença de Chagas, esquistossomose, hanseníase, leishmaniose, malária, tuberculose, entre outras que infectam mais de um bilhão de pessoas, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Arlete mostrou percentuais, revelando que o País não alcançou 60% de cura, quando a OMS estabelece que ela seja igual ou superior a 85,0% e o abandono seja menor do que 5,0%. “Quando aumenta a situação de abandono ao tratamento, o risco é o aumento do potencial de pacientes, cujo impacto se dá sobre toda a sociedade”, ela alertou.

Arlete Baldez, à frente, adverte contra o abando ao tratamento

O paciente e seus responsáveis devem se responsabilizar em procurar o Programa Saúde da Família, recomendou.

A Secretaria Estadual de Saúde oferece sete equipamentos para teste rápido positivo e confirmatório da doença. O aparelho aponta inclusive a resistência da pessoa a alguns medicamentos (rifampicina por exemplo).

Desses equipamentos, três foram doados pelo governo federal e quatro adquiridos pelo governo estadual. Eles estão no Cemetron (Avenida Guaporé, bairro Lagoa), Policlínica Rafael Vaz e Silva (no bairro Mato Grosso), Ariquemes, Cacoal, Guajará-Mirim, Ji-Paraná e Vilhena.

TEM CURA

A TB está mais presente em homens, provavelmente, pela maior exposição ao germe associado a fatores ou situações de risco, como o uso de álcool e fumo. Além disso, os homens acessam menos os serviços de saúde afastando do diagnóstico precoce da TB.

► É uma doença transmitida de pessoa a pessoa a partir da inalação de partículas muito pequenas (aerossóis) eliminadas por pessoas com TB ativa.
► Somente pessoas com tuberculose ativa pulmonar ou laríngea transmitem a doença e, em geral, após 15 dias de tratamento adequado elas já não são mais capazes de infectar outras pessoas.

PARE DE BEBER
► É recomendável sempre, que em uso de antibióticos, não se utilize substâncias como álcool e outras drogas, em função do risco de graves complicações, como por exemplo, hepatite. Porém, caso a pessoa não consiga e nem queira parar de beber, principalmente alcoolistas, deve continuar a tomar os medicamentos da TB normalmente, reforçando estratégias de adesão junto a familiares e profissionais de saúde. O profissional de saúde deve encaminhar o usuário ao programa de combate a álcool e drogas existentes nos Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS).

PARE DE FUMAR
► É aconselhável que a pessoa com tuberculose pare de fumar, isto vai melhorar sua saúde como um todo. Porém, caso a pessoa não consiga e nem queira parar de fumar, deve continuar a tomar os medicamentos da tuberculose normalmente.

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