Servidor público – o bode expiatório de todas as mazelas municipais

Valdemir Caldas

Publicada em 13 de fevereiro de 2017 às 09:07:00

 

Depois de muitos estudos e intermináveis reuniões, os especialistas em finanças públicas que cercam o prefeito Hildon Chaves, descobriram uma fórmula milagrosa capaz de resolver os problemas de caixa da prefeitura: a extinção do quinquênio dos servidores municipais. Agora, vai ter dinheiro para investir em saúde, educação, saneamento básico, contratar mais cabos eleitorais e apaniguados políticos, para ficarem andando de um lado para o outro nos corredores e repartições dos órgãos públicos.

Afinal de contas, a companha eleitoral acabou. Para que se preocupar com servidor. Ele só serve mesmo para crê em promessas mirabolantes e votar. Agora, é hora de deitar o látego nos costados desse pessoal, que não passa de mera abstração, não tem problemas de ordem financeira, não precisa se alimentar de acordo com os padrões mínimos de sobrevivência, não tem compromissos, não tem família, não precisa adoecer, enfim, não precisa ter uma vida decente.

Lamentavelmente, o que se observa na discussão envolvendo a retirada do quinquênio, é um desejo mórbido em massacrar, espezinhar, sacanear o servidor público, transformando-o no bode expiatório de todas as mazelas municipais e no grande responsável pelo buraco nas contas do município, sem, contudo, considerar suas verdadeiras causas, como, por exemplo, o inchaço da máquina oficial.

Trata-se de decisão desumana e cruel para com os que prestam serviços à administração municipal ao longo de vinte, vinte e cinco, trinta anos ou mais, muitos dos quais entraram pela porta da frente, através de concurso público, e não pelo expediente do fisiologismo, que tem como moeda forte a troca de favores, concretizada pela ocupação dos apadrinhados nas centenas de cargos comissionados e funções de confiança.

Os servidores municipais são os menos culpados pelo quadro deplorável que hoje se configura. Em todos os segmentos da sociedade há bons e maus. No serviço público não é diferente, o que se não justifica pretender colocar todos no mesmo saco de gatos, como querem alguns comensais palacianos.

É preciso que haja um mínimo de cautela e sinceridade no trato deste assunto, e não ficar disseminando um clima de terror, insegurança e intranquilidade generalizada, cujos reflexos se fazem sentir em milhares de lares portovelhense. O servidor público não é bode expiatório para carregar todos os pecados da administração municipal.