Porto Velho: a cidade problema
Valdemir Caldas (*)
Hoje, 24 de janeiro, Porto Velho comemora mais um ano de sua instalação. Ponto facultativo, na sexta feira, nem pensar, pois há muita coisa para fazer e o tempo urge, disse o prefeito Mauro Nazif (PSB).
É sempre bom comemorar o aniversário da cidade onde vivemos, deitamos raízes, construímos nossas relações de amizade e de negócios. Mas poderíamos fazer isso de uma forma diferente.
Em vez de celebrarmos a existência do município com shows, danças e estouro de fogos de artifícios, que tal se procurássemos melhorar a nossa relação de amor, carinho e amizade com a nossa capital?
Porto Velho tem sido muito maltratada, desrespeitada e ultrajada, não somente por administradores cúpidos e irresponsáveis, mas, também, por uma parcela imunda da população, que não limpa sequer o quintal da própria casa.
A prefeitura acaba de desobstruir uma vala e ai vem um sugismundo e joga lixo dentro do canal. Depois, quando vêm as alagações, dana-se a reclamar do poder público. Quer dizer, prejudicando ele e um punhado de gente com sua canalhice. Nem falo das praças e dos monumentos históricos, alvos preferenciais do vandalismo.
O prefeito Nazif terá muitos obstáculos pela frente para superar, dentre entres garantir que o habitante porto-velhense viva numa cidade digna e aprazível, o que não será tarefa fácil, dado o cipoal de problemas de uma urbe que vem crescendo desordenadamente.
O desafio é grande. É preciso criar uma estrutura que faça verdadeiramente funcionar a máquina pública em proveito da coletividade, pois o atual modelo de gestão revelou-se frágil, lento e ultrapassado.
Enquanto uma parcela da população tem acesso a serviços públicos, a maioria vegeta na mais abjeta inanição, carente de praticamente tudo, uma espécie de apartheid social.
São pessoas que vivem em condições degradantes, sem acesso a água potável, rede de esgoto, iluminação pública, transporte coletivo, ruas asfaltadas, enfim, completamente esquecidas pelo poder público.
Somem-se a isso o caótico trânsito e as invasões de terras, que acabam empurrando a cidade para um patamar critico de falta de identidade. Nazif, repito, vai precisar trabalhar dobrado se quiser elevar Porto Velho à condição de uma autêntica capital.
E a população, por sua vez, precisa participar, ativamente, desse esforço ingente, para ajudar a cidade a superar suas dificuldades. Vencer os desafios, e não ignorá-los, ou, então, empurrá-los como a barriga, como tem sido a tônica de algumas administrações. Essa é a palavra de ordem.
Assim, governo e sociedade, juntos, poderão fazer uma cidade diferente e promissora. E todos, com certeza, sairão ganhando.