O médico e o deputado

Valdemir Caldas

Publicada em 20 de December de 2014 às 14:15:00

Não é somente o governador Confúcio Moura que terá seu salário reajustado, a partir de janeiro, os deputados estaduais de Rondônia, que exercerão seus mandatos, na próxima legislatura, receberão bem mais que os atuais.

Os deputados federais aumentaram seus subsídios para trinta e três mil, setecentos e sessenta e três reais. A Constituição Federal permite ao deputado estadual receber setenta e cinco por cento do valor pago aos seus colegas no Congresso. Logo, nossos ilustres representantes vão abocanhar mais de vinte e cinco mil reais.

Acresça-se a isso um sem-número de mordomias, que vai desde celular funcional, passando por cota de combustível, passagens área e terrestre, até auxilio aluguel, mesmo que o cidadão resida no município sede, que, somados ao salário acima, temos alguma coisa em torno de oitenta mil reais.

Compare-se o salário de um deputado rondoniense com o de um médico, que trabalha pela manhã numa unidade de saúde, à tarde noutra e, à noite, ainda tem que tirar plantão, às vezes, sem as mínimas condições, para ganhar menos de quinze mil reais por mês.

Desde que esteja no gozo de seus direitos civis, qualquer um pode ser deputado. Já para ser médico, é preciso ralar seis anos ou mais numa faculdade, pagando mensalidade de quatro mil reais e comprando livros cujos preços variam de trezentos a seiscentos reais.

Não é o aumento em si o que causa a rejeição da opinião pública, mas, sim, a oportunidade e os índices usados para os deputados aumentarem seus próprios vencimentos, sobretudo quando se sabe que a maioria dos trabalhadores brasileiros teve seus salários reajustados pela inflação.

Mas, faça-se justiça aos nobres representantes do povo rondoniense. Afinal, eles trabalham demais. São três dias por semana, em ambientes refrigerados, regados à água, sucos e cafezinho. Já os médicos...