O criador e a criatura - Valdemir Caldas

Ele peitou antigos aliados, como o deputado estadual Maurão de Carvalho (PP), para torná-la candidata da coligação PP, PPS, PR e PROS.

Publicada em 15 de September de 2014 às 16:08:00

A candidata ao governo de Rondônia, Jaqueline Cassol (PR), até que se tem esforçado para tentar desgrudar a sua imagem da do seu irmão senador Ivo Cassol (PP), mas as evidências não deixam.

Cassol costuma dizer que cada um responde pelo seu CPF. No debate da UNIR, Jaqueline repetiu o que se tornou um mantra em suas aparições, ou seja, “que não era Cassol e sim Jaqueline”.

Como se vê, até nisso os dois são parecidos.

Além disso, Jaqueline parece ter-se esquecido de que participou do governo Cassol em duas oportunidades, como diretora do Departamento Estadual de Trânsito (DENTRAN) e Secretária de Estado de Assuntos Estratégicos.

Se Cassol foi “um bom governador”, como se diz, por que Jaqueline não procura colher os frutos benfazejos daquilo que
eventualmente ele teria semeado nos oito anos de mandato e assume também os fracassos do governo ao qual serviu?

Todo mundo sabe que Cassol foi o mentor de sua candidatura.

Ele peitou antigos aliados, como o deputado estadual Maurão de Carvalho (PP), para torná-la candidata da coligação PP, PPS, PR e PROS.

O sonho de Maurão era concorrer ao governo de Rondônia, com o apoio de Cassol. Durante a convecção do PP (e partidos aliados), no auditório da Ulbra, ele se ajoelhou e apelou aos céus, mas, como Deus não se mete nessas coisas, acabou sendo rifado da disputa com a ajuda do amigo.

Cassol preferiu apostar todas as fichas em Jaqueline, que, sem as bênçãos do irmão, dificilmente passaria pelo crivo dos
convencionais. Com isso, Cassol mostrou quem realmente manda no PP.

Tenho ouvido de alguns elogios à postura da candidata Jaqueline, seja nos programas eleitorais, seja nos debates, mas essa história de dizer que “Cassol é Cassol e que Jaqueline é Jaqueline”, querendo mostrar que, num eventual governo seu, ele não teria nenhuma influência, só convence eleitor desavisado. É óbvio que se Jaqueline chegar ao palácio Getúlio Vargas quem vai dar as cartas é Cassol. E ponto final.

Por isso, não convém subestimar a inteligência do povo com discursos paradoxais, pois o tiro pode acabar saindo pela culatra.

A meu ver, esse é mais um caso típico de criador e criatura, não adianta querer negar.