“Ingenuidade” de vereadores não passa de cascata

​Gessi Taborda 

Publicada em 15 de fevereiro de 2017 às 07:30:00

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FILOSOFANDO

Eu não sinto obrigado a acreditar que o mesmo Deus que nos dotou de senso, razão, e intelecto pretendeu que renunciássemos ao uso deles.” GALILEO GALILEI (1564/1642), astrônomo, físico e matemático italiano, descobridor da lei dos corpos, do princípio da inércia e do conceito de referência inercial. Também foi ele quem desenvolveu a balança hidrostática, o compasso geométrico e o relógio de pêndulo. Esse italiano é considerado o pai da ciência moderna.

 

A PRÓPRIA PELE

Se a Câmara Municipal tivesse vereadores mais capazes, com melhor formação política e consciência de seu verdadeiro papel no processo de recuperação econômica da capital rondoniense, inclusive olhando pelo viés social e político, certamente o tema da concessão ou não de quinquênios (pagos pelos contribuintes) aos servidores municipais como um adicional que custa milhões de reais aos cofres do município não teria ganhado a dimensão do momento, a ponto de alimentar um movimento da edilidade na tentativa de anular a sessão em que os próprios vereadores aprovaram a lei extinguindo essa antiga prebenda que não dá para ser mantida agora nesse cenário de crise.

É ridículo escutar essa conversa de que os vereadores aprovaram a lei extinguindo a concessão de futuros quinquênios sem saber exatamente o que estavam fazendo. Na verdade, os vereadores não são ingênuos desse jeito. Estão se fazendo de vítimas agora com a ideia de que só assim salvarão suas próprias peles.

 

FROUXIDÃO

Sem ter liderança de fato e condições de explicar cabalmente seus atos, boa parte dos vereadores estão sucumbindo ao jogo de manipulação urdido no meio de um sindicato controlado (ainda) pela filosofia petralha com a frouxidão peculiar de um grupo de político capaz de qualquer coisa para salvar a própria pele, mesmo que para isso tenha de afundar ainda mais o erário e desestabilizar a autoridade escolhida pelo povo para arrancar Porto Velho do fracasso, desarticulando os interesses paroquiais nascidos num sistema marcado pela corrupção de todos os lados.

Ora, criar prebendas pagas com o sacrifício do contribuinte (esse sim, sempre desrespeitado) é sim uma marota espécie de corrupção que colocou em maus lençóis todos os moradores que pagam os impostos para manter algo incapaz de ser suportado pelos combalidos cofres de uma cidade onde a arrecadação vem se reduzindo ao longo dos últimos anos.

 

OPINIÃO POPULAR

Na tática urdida nos corredores do sindicalismo dominado pelas práticas petralhas é perfeitamente compreensível atacar de forma soez o prefeito disposto a corrigir as idiossincrasias do passado, calcado que está no enorme apoio popular desse princípio de gestão.

As explicações do prefeito não são escamoteadoras, como tenta fazer crer os arautos da oposição radical. E quem assiste de fora o esforço ciclópico de Hildon para colocar a gestão da cidade no bom caminho manifesta sua opinião considerando positiva a iniciativa do burgomestre portovelhense.

Certamente os vereadores acuados pelas aleivosias de um grupo interessado em manter as coisas como sempre estiveram não têm como desmentir afirmações de gente do povo com mais massa encefálica do que aqueles premiados nas urnas.

 

INCOMPATÍVEL

O contribuinte Gilvan Ramos – ao contrário dos vereadores vivendo o dilema do cagaço – diz alto e bom com que a extinção dos quinquênios deveria ter acontecido antes.

“Quinquênio, anuênio, adicional de tempo de serviço, licença-prêmio, gratificação de incorporação de cargo comissionado ou função gratificada, todas essas benesses são insustentáveis”, disse para continuar: “É igual auxílio-moradia, férias de 60 dias, 14º salário, verba de gabinete, só defende quem recebe”. É, como disse Gilvan, incompatível pois são benefícios insustentáveis.

 

BANDEIRA

Na verdade o que está em jogo entre a classe política e a sindical não é um discussão em torno do que pode acontecer na realidade da economia do município.

O assunto está sendo transformado numa bandeira utilizada para colocar em xeque o prefeito, na esperança de minar o apoio popular devotado a ele nesse trabalho fazer uma limpeza profunda nas nuvens acumuladas pelos gestores antecedentes convertidas no quadro adverso de uma prefeitura que sofreu com desvios de milhões e a criação de benesses insustentáveis ao longo do tempo.

O prefeito tem de enfrentar inteligentemente essa teoria da conspiração, especialmente quando passa a ser assimilada por parte de uma edilidade insensível às consciências mais despertas desse município.

 

VAI ANDAR

O transporte coletivo de Porto Velho ainda é motivo de grande preocupação, especialmente para aqueles com a responsabilidade de torna-lo legal. O consórcio inventado na gestão anterior, batizado de SIM, está operando numa penumbra de ilegalidade, pois ainda se escora numa “contratação emergencial” que, como se sabe, está vencida.

E mesmo caduca, o tal consórcio (uma união de investidor local com uma empresa do Amapá) age sem levar em consideração os desdobramentos de uma investigação sobre o imbróglio feita pelo TCE.

O trabalho de auditagem do TCE já terminou. O relatório mostra que a gestão anterior cometeu erros para fechar o tal contrato formando o SIM. O processo está caminhando e certamente o novo prefeito deverá procurar uma solução de longo prazo para o segmento do transporte urbano.

 

IMPOSTOS

Segundo consta, a gestão atual ultima levantamentos sobre o montante de impostos devidos pelo SIM para instruir a ação de cobrança. Diante dessa situação, dificilmente os irmãos siameses desse tipo de monopólio que explora o transporte urbano vai continuar como permissionários. Até agora o novo prefeito não anunciou as medidas em gestão para corrigir domar mais esse dragão recebido como herança da gestão anterior.

 

TÍPICA

Dia desses a coluna abordou assunto similar em relação à Associação Rondoniense dos Municípios (Arom), presidida por alguém sem mandato de prefeito. Essa típica solução dos políticos rondonienses também foi a escolhida pelos vereadores do estado.

A entidade representativa dos vereadores rondonienses é presidida nesse ano por Jairo Benetti. Ele já foi vereador e até presidente da Câmara de Rolim de Moura mas está sem mandato. Não se sabe como Benetti consegue manter seu prestígio entre os atuais vereadores do estado. Certamente não é por ser irmão de Milleni Mota que foi prefeita de Rolim por mais de um mandato e que hoje está na lista de condenados pela Justiça rondoniense em ação de improbidade administrativa.

 

DENÚNCIA

Quem visita a orla do Rio Madeira onde se localiza o histórico complexo da Madeira Mamoré não tem como evitar a tristeza com a degradação do local, mesmo após o antigo prefeito petista Roberto Sobrinho ter gasto ali (como informava a propaganda oficial) mais de 19 milhões de reais (verbas compensatórias do complexo hidrelétrico do Madeira) “na reforma” do lugar.

O deck de madeira na orla do rio foi totalmente erodido e em seu lugar ficou o perigoso esqueleto de madeira coberto de pregos, como uma ameaça anunciada de possível tragédia humana.

E até agora, pelo que sabe o Ministério Público e os demais órgãos da fiscalização externa, não responsabilizou ninguém pela enorme desfaçatez e pelo sumiço dos milhões... Será que ninguém vai ser responsabilizado por tamanha pouca vergonha???

 

FUNDO DO POÇO

Como ser otimista nesse país das bruzundangas? A Comissão de Constituição e Justiça do Senado ouvirá Alexandre de Moraes, indicado pelo presidente Michel Temer para o Supremo Tribunal Federal. O presidente da CCJ é Édison Lobão. E, dos seus 13 integrantes, dez respondem a processo no STF. E são eles que ouvirão um candidato a ministro do tribunal em que estão sendo processados. E nós, rondonienses, em outras circunstâncias, deveríamos até aplaudir. Afinal, o rondoniense mais cacifado na nossa política, Valdir Raupp, está lá também.