Em Linhas Gerais - Gessi Taborda

O secretariado de Confúcio Moura nunca esteve à altura de executar o programa de governo defendido no período das eleições. É possível a remoção do atual Chefe da Casa Civil.

Publicada em 28/01/2013 às 10:20:00

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O PAPEL DA CASA CIVIL Toda semana cresce a especulação sobre mais uma mudança na Casa Civil, cargo para onde foi recentemente – depois de participar de uma aventura eleitoral com a marca da derrota – o dono da Fatec, Marco Antonio, juiz aposentado.

A constante troca de nomes nesse cargo leva a deduções nada meritórias para o governo. Afinal, quem governa busca colocar na Casa Civil nomes da mais alta expressão para valorizar o governo como um todo.
O papel da Casa Civil é de destaque ímpar: tomar as rédeas da gestão, comunicar prioridades e fazer o secretariado atuar como um time, além de se constituir numa espécie de ponte entre o governo e os atores do mundo político, como deputados, prefeitos etc.

Nesse cargo, o governador praticamente tentou de tudo, até chegar ao atual dr. Marco Antonio, magistrado aposentado e empresário do setor educacional de nível universitário, certamente o mais experimentado e culto administrador nomeado para o cargo no atual do governo.

NÃO RESOLVEU Mas parece que a presença do dr. Marco Antonio não resolveu as questões de acomodação política de Confúcio Moura e nem reduziu as dificuldades de relacionamento do governo com os deputados, hoje certamente o grande calcanhar de Aquiles da gestão do peemedebista. Só pode alimentar as constantes especulações de que o governador já teria escolhido um novo sucessor para Casa Civil.

O secretariado de Confúcio Moura nunca esteve à altura de executar o programa de governo defendido no período das eleições. Na primeira leva – quando o estouro dos maiores escândalos aconteceu – Confúcio acabou compondo sua administração procurando atender as indicações do vasto leque de partidos aliados e, por isso, chegou a colocar em postos chaves, como na Saúde, gente do naipe do Batista, uma indicação do José Bianco. Na crise ficou comprovado o tamanho da banda podre do início da gestão, a ponto de Batista e outros nomes do governo cair nas malhas da Polícia Federal.

BASE MAIOR Candidato natural à reeleição em 2014, o governador age como alguém que busca ampliar sua base de sustentação pensando na disputa que se avizinha. E faz isso de uma maneira aparentemente atabalhoada, sem levar em consideração o desejo daqueles “aliados” do próprio PMDB.

Antes da eleição, Confúcio demonstrou como age sem uma análise mais profunda da realidade política. Chegou a colocar em seu governo (numa dessas sinecuras extremamente bem remuneradas) o jovem David Chiquilito Erse, político prematuramente jogado no imenso abismo das ilusões.

Outro exemplo desse método de reger sua banda política é manter no governo o derrotado Lindomar Garçom que, debalde sua popularidade entre o eleitorado de Porto Velho, não terá facilidade – como estão carecas de saber todos que acompanham os passos da política no estado – de participar, em qualquer nível, do pleito de 2014, atingido que foi por uma decisão da Justiça, colocando-o na lista dos políticos fichas-sujas.

PARTIDO VERDE Fontes próximas do chefe do executivo estadual explicam que a manutenção de Lindomar na periferia do governo acontece em nome do apoio do PV na disputa pela reeleição. Ora, esta é mais uma análise furada do governo. Primeiro porque Lindomar não costumar cumprir acordos políticos feitos com tanta antecipação. Segundo, porque não se trata de uma liderança autenticamente verde, capaz de impor o apoio dos integrantes da legenda a quem quer que seja. Especialmente se acontecer mesmo o lançamento do nome de Fernando Gabeira à presidência, num confronto direto com os lulistas.

ARGUMENTO COMUM Para Confúcio Moura é difícil usar o argumento comum de quem governa na hora de fazer transformações no secretariado. O argumento comum de chefes do Executivo que anunciam periodicamente remodelações de seus gabinetes, a “governabilidade”. Ora, no caso de Confúcio , essa premissa não existe. O governador não tem oposição significativa na Assembléia, onde praticamente aprovou tudo aquilo que quis. São poucos, muito poucos, os deputados dispostos a contrariar qualquer matéria emanada do Palácio Getúlio Vargas.

Assim dá para concluir que o desafio do governador, em caso de uma disputa pela reeleição, é de outra natureza: é a urgente necessidade de acabar com a paralisia e a inércia que ocorre na percepção do eleitorado estadual.
Hoje dá para sentir que o governo vive uma disputa pelos recursos do tipo cabo de guerra, com vários integrantes do gabinete puxando a corda para o seu lado e o governo, como um todo, não sai do lugar.
Afinal – o próprio Confúcio deve saber disso – não se pode esperar outra coisa, por exemplo, do DETRAN, essa grande fonte arrecadadora do prefeito que estará sendo utilizada como ferramenta para os interesses políticos do clã Gurgacz.

A SAÍDA É possível a remoção do atual Secretário Chefe da Casa Civil. Confúcio tem de imprimir uma marca de realizações no nosso estado. E deve imaginar que isso só será possível se finalmente conseguir para a Casa Civil uma liderança política que tome as rédeas da gestão e saiba comunicar as prioridades de forma que os responsáveis pelas pastas menos contempladas entendam o cenário para além de suas necessidades, fazendo que o secretariado atue como um time em vez de um punhado de forças centrípetas. Se essa tarefa não for executada, não apenas Marco Antonio deverá pedir o chapéu. Nomes claramente ambiciosos, como é o caso de Mosquine, deverão pôr suas barbas de molho, pois a única maneira de demonstrar estar em sintonia fina com