Em Linhas Gerais - Gessi Taborda

As chances de Kazan Roriz. Em 2014, segundo manifestações de bastidores, o PMDB vai novamente de Confúcio Moura. Mauro usou praticamente todo o tempo da entrevista para fazer cera.

Publicada em 22/01/2013 às 06:52:00

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DESENCANTO CRESCENTE Milionário rondoniense, Kazan Roriz, assume o comando do desconhecido Partido Ecológico Nacional em Rondônia, com o objetivo de disputar o governo em 2014. Roriz é empresário dono de lojas espalhadas por Rondônia, Acre e Amazonas. É tido como sangue-bom, doador de pequenas fortunas a instituições beneméritas de Saúde. Aliás, essa sua “bondade” colocou-o no centro de uma polêmica estéril alimentada recentemente pela chamada imprensa sem utilidade.

E agora, como será tratado pela mesma j* da mídia responsável pela condenação de seu ato de benemerência com o hospital das Irmãs Marcelinas? De alguns representantes desse segmento já se ouvem vaticínios de que “nesse” tal de PEN a aventura do grande vendedor de pneumáticos da região não tem a menor possibilidade de dar certo. Bobagem de quem opina sem base nenhuma. Se partido fosse fundamental, Collor de Melo não teria vencido uma eleição para presidência da República. E agora, o desencanto dos brasileiros pelas siglas partidárias ainda é muito maior.

PESQUISA Se Kazan reunir em torno de si uma gama de profissionais de qualidade poderá ser transformado num nome viável para a disputa, mesmo num partido praticamente desconhecido em nosso estado.

Pesquisa do IBOPE revela que cresce a cada dia o número de brasileiros que não se identificam com nenhum partido político. Enquanto em 1988 apenas 44% dos eleitores diziam não ter partido, agora em 2012 esse contingente pulou para 56%, mais da metade. E notem que de 1988 para 2012 surgiram mais uns 20 partidos, hoje existem 33. Não é por falta de opções partidárias.

DESVALORIZADOS Há uma degradação da importância das legendas na percepção do povo. O eleitor vota cada vez mais em nomes e não em siglas. Se não fosse assim, o PMDB e o PT não teriam caídos no profundo vazio eleitoral na eleição de outubro aqui em Porto Velho.

Mas é bom observar que não são apenas os eleitores que se desencantaram com os partidos. Os próprios políticos também se desencantaram com os partidos. Basta observar nos últimos anos a quantidade de trocas e mudanças de partido, claro, muitas motivadas por interesses pessoais e eleitorais, sem qualquer viés ideológico.
Então o PEN de Kazan não é tão diferente das demais siglas. Pode, portanto, ser uma plataforma de lançamento de uma candidatura importante como a de governador.

MARÉ BAIXA Em 2014, segundo manifestações de bastidores, o PMDB vai novamente de Confúcio Moura, que sonha com a possibilidade de mais um mandato de governador.

Constata-se assim a descrença do filosófico governador com a idéia de que a maré não está boa para o seu lado e nem para as outras raposas da política rondoniense, atingidos principalmente pela tempestade provocada em nível do Judiciário, com a aplicação de condenações que colocam na vala comum daqueles abatidos pela Lei da Ficha Limpa, nomes até então apontados como os mais competitivos para a disputa eleitoral do ano que vem.

E assim, gente com capacidade de liderança e com tranqüilidade financeira pode encontrar ambiente para entrar nessa disputa, navegando em águas mais calmas se, claro, tiver na sua embarcação bons timoneiros, boa tripulação. Afinal, é bom frisar que as campanhas também contam cada vez com menos militantes ideológicos e passaram a ser feitas à base de cabos eleitorais contratados.

ESSE É O TRUNFO Quem conhece de perto os problemas da cidade de Porto Velho e acompanhou os 8 anos de enganação do prefeito petista é forçado a reconhecer que o ex-deputado federal Mauro Nazif, eleito prefeito de Porto Velho, pegou certamente a pior pedreira. Ontem o novo prefeito deu longa entrevista à repórter Maríndia Moura, da TV Rondônia, e não conseguiu revelar nenhuma ação concreta da nova gestão, a não ser a identificação de fraude no valor do IPTU que estava sendo cobrado dos moradores da capital.

Ao admitir o risco de uma epidemia de dengue em Porto Velho, o prefeito do PSB deixou claro estar diante de uma dura tarefa para colocar novamente a capital rondoniense nos eixos. Nas entrelinhas, ao comentar a questão das áreas inundadas, o novo prefeito deixou claro que a cidade sofre as conseqüências do abandono e por isso vive esse verdadeiro caos.

MEDIDAS URGENTES Mauro usou praticamente todo o tempo da entrevista para fazer cera. Falou do óbvio. Realmente a situação de alagamento em Porto Velho nessa época de chuvas é muito grave e precisa de medidas urgentes. Pena que Nazif não anunciou essas medidas. Iniciativas de obras de prevenção às chuvas sempre foram prometidas pelos governantes anteriores. Mas, como sempre, não passaram de mentiras. Roberto tinha o facinoroso Jair Ramires para culpar o povo pelo entupimento dos bueiros, dos igarapés, etc. Era o bronco mais adorado pelo ex-prefeito petista.

Nazif não segue o mesmo roteiro. Disse que o povo não tem culpa, mas não saiu da conversa mole e não disse nada do que fará para impedir os alagamentos e, também, acabar com os locais inundados transformados em focos da dengue.

COM A JUSTIÇA O prefeito Mauro – sempre evitando se atritar com integrantes da gestão petista a que sucedeu – não falou nada sobre a roubalheira da gestão anterior. Reclamou da proibição do TCE do Estado para repasses à Emdur (Empresa de Desenvolvimento de Porto Velho), e isso, disse, inviabiliza reiniciar o programa de iluminação pública, até então executado pela tal Emdur, onde a corrupção atingiu níveis inacreditáveis.

Refratário a revolver as arapucas montadas na gestão petista, Mauro não falou nada sobre o resgate dos valores morais, sociais e éticos na prefeitura municipal. Embora carioca, o dr. Mauro parece preferir a prática gaúcha de costear o alambrado, colocando a culpa de algumas dificuldades na acertada decisão do TCE rondoniense que só proibiu a prefeitura de fazer repasses à Emdur exatamente porque aquilo sempre funcionou como um sumidouro do erário e não de ferramenta indutora do “desenvolvimento” de Porto Velho, como deveria ser seu papel.

CRIME LUCRATIVO Quase 40 mil presos em todo o país recebem do INSS auxílio-reclusão. A partir de fevereiro com reajuste, o auxílio-reclusão vai chegar até a R$ 971. O curioso e inexplicável é que enquanto o percentual considerado sobre o salário de benefício em casos de doença ou acidente fica em 91% e 50%, respectivamente, no caso dos detentos, o valor é integral, ou seja, 100%. Isso quer dizer que o condenado tem um tratamento diferenciado e melhor do que o trabalhador que fica doente ou sofre um acidente. Isso é um prêmio aos criminosos. Mas disso, certamente, não falarão os deputados rondonienses como Nilton Capixaba e Natan Donadon.

PRAGA Um pedido de vários leitores da coluna: “Pelo amor de Deus! Dr. Mauro acabe imediatamente com a indústria da multa inventada pelo seu antecessor com esses guardinhas de trânsito que trabalham como uma autêntica caixa registradora, só multando motoristas por estacionamento supostamente irregular, sem fazer nenhum trabalho de fiscalização, educação ou de prevenção”. Uma boa parte do dinheiro arrecadado nessa indústria da multa era usada para todos os fins, menos para sinalização e outras necessidades do trânsito.