Em Linhas Gerais

Gessi Taborda

Publicada em 19/01/2013 às 09:45:00

[email protected]

TÚMULO DA MÚSICA
Nunca consegui entender porque nossos gestores públicos desprezam tanto a cultura e principalmente a música. Para mim que tenho na música um oxigênio para a elevação do espírito, só mesmo o atraso e a falta de comprometimento dos dirigentes públicos justificam a inexistência de uma corporação musical na sofrida capital rondoniense.
No primeiro mandato do prefeito enganador do PT, fui visitar a Escola de Música Jorge Andrade, onde um militante do PC do B foi colocado na direção. O tal sujeito disse que sua principal missão era dotar a cidade de uma Sinfônica, capaz de funcionar como uma embaixatriz da cultura portovelhense. Era tudo conversa fiada. Nos longos e lamentáveis oito anos da gestão petista, nada se fez de verdade para despertar o gosto pela música de qualidade (especialmente a clássica) em crianças e jovens oriundos de camadas sociais de baixa renda.


E AI, NAZIF
E até agora o novo governo (Mauro Nazif) não demonstrou se pretende fazer alguma coisa verdadeiramente produtiva e de alcance social no segmento da cultura. Uma cidade com a responsabilidade de cumprir o papel de capital de estado não pode deixar a Deus dará ações de estímulo ao gosto musical, de apoio aos jovens talentos, de todas as camadas sociais e econômicas. Se a cidade continuar à margem dos esforços para melhorar o padrão cultural de sua juventude, vai demorar ainda muitos anos para que Porto Velho possa fazer de forma concreta a sua grande virada cultural.


ESTRANHO
Rondônia está cheia de importantes bancas de advogados com especialização em todos os segmentos do Direito. Mesmo assim, o governo estadual preferiu contratar um escritório de Brasília, por um valor não divulgado, para preparar uma “regulamentação para processos licitatórios” no Estado. Ninguém ouviu falar se o Escritório Jacob Fernandes e Reolon Advogados Associados foi contratado pelo método da concorrência pública ou por alguma indicação política. É claro que a OAB-RO deverá cobrar explicações. Pelo registro no boletim oficial do governo, esse escritório brasiliense vai arrumar um jeitinho de adequar a lei de licitações (8666) às especificações de “um estado que cresce muito rápido (???), como é o caso de Rondônia”. Sei não, mas ao falar com meus botões eles reagiram logo dizendo: “Ai deve ter truta”.

JUSTIÇA ATUANTE
Não é preciso pesquisa para constatar que o rondoniense está cada vez mais indignado com a aparente impunidade que favorece agentes públicos e políticos envolvidos com defraudações, golpes, escândalos e práticas de corrupção, visando o enriquecimento rápido. Por isso, notícias de decisões visando punir “esses intocáveis” são sempre bem vindas para quem, como o próprio colunista, tem fome e sede de Justiça.
Essa nova condenação aplicada pela Justiça ao senador Ivo Cassol pode contribuir para mudar um pouco mais a percepção que o cidadão comum tem pela Justiça e pela impunidade dos “integrantes do poder”.

O senador, claro, se diz inocente e, como é óbvio, vai recorrer da decisão. A condenação é fruto de processo na Justiça Federal, sobre a compra de votos em 2006. Além de Cassol, no mesmo processo a Justiça condenou os delegados de Polícia Civil Renato Eduardo de Souza e Hélio Teixeira Lopes Filho, os agentes de Polícia Civil Gliwelkinson Pedrisch de Castro e Nilton Vieira Cavalcante, além de Agenor Vitorino de Carvalho, por improbidade administrativa.

SINALIZAÇÕES
Na próxima segunda feira o Tribunal de Justiça de Rondônia deverá analisar procedimentos processuais contra pelo menos três deputados estaduais, também acusados de praticar atos de corrupção usando de seus cargos. Há uma tendência clara de que as denúncias contra esses políticos serão aceitas.
Na semana que passou a Justiça acatou uma ação proposta pelo MP contra o indigitado ex-prefeito da capital (candidato a vários outros processos por corrupção), sinalizando que a nova tendência de punir figurões enrolados com a falta de ética veio para ficar.

RÉSTIA DE ESPERANÇA
Como a maior parte da sociedade o colunista já tinha perdido a esperança na punição exemplar das “autoridades” acostumadas a roubar o erário, usar o poder para seus interesses pessoais e, depois, curtir o bem bom sem qualquer tipo de punição, como exemplos vivos de que o crime, no Brasil, compensa.
Esta mudança de postura do Judiciário faz renascer uma réstia de esperança de que os tais criminosos do colarinho branco ainda irão pagar pelos males causados à sociedade. Chega desse espetáculo deprimente de assistir por longos anos o deboche daqueles que apostaram, com sucesso, na impunidade.

EXEMPLO CHOCANTE
É cada vez mais freqüente acontecimentos trágicos nessa capital cada vez mais insegura. Praticamente temos todos os dias, diante dos olhos, exemplos chocantes da inexistência de uma política de governo para o combate à ação dos criminosos em Rondônia. O filho do ex-vereador Mário Jorge, o jovem Mário Henrique, foi alvejado com um tiro na cabeça, na última quarta-feira, quando saía de casa no outrora tranqüilo bairro do 22 de Dezembro. No passado a capital viveu um período de guerra de gangues, gangues essas combatidas e derrotadas.
Hoje o estado mostra-se incapaz de executar uma política contra os marginais, cada vez mais afoitos e impiedosos. E sem uma resposta eficaz do estado, eles matam nossos jovens e muitos (caso do menores) nem são punidos pelas vidas que ceifam.
A coluna solidariza-se com o ex-vereador Mário Jorge e pergunta: Até quando teremos de enfrentar tudo isso?


POVO RONDONIENSE
O cidadão de Rondônia parece ter paciência infinita, ovina ou bovina, mesmo sendo desrespeitado todos os dias, em todos os setores. E por isso fica de braços cruzados diante da blindagem dada a políticos como Roberto Sobrinho pelo mesmo PT local que, no passado recente, chegou a por pra fora gente como Daniel Pereira, muito mais sério do que o homem que transformou a prefeitura na Caverna de Ali-Babá. Por que a maioria esmagadora dos rondonienses não reage? Talvez por falta dessa consciência fundamental de cada cidadão, ainda com coragem para votar e eleger conhecidos nomes de trambiqueiros que por aqui dão uma de salvadores da pátria.