Diretor de Marketing do Tinder para América Latina defende criação de mecanismos digitais mais humanizados

Ele defendeu a criação de mecanismos digitais mais humanizados como forma de ajuda ao próximo e para a prática do bem.

Texto: Montezuma Cruz Fotos: Bruno Corsino
Publicada em 18 de novembro de 2017 às 11:18
Diretor de Marketing do Tinder para América Latina defende criação de mecanismos digitais mais humanizados

Andrea Iorio: depois de dois fracassos, obteve êxito com aplicativo de relacionamentos

Com apenas seis anos no Brasil, o genovês Andréa Iorio, diretor de Marketing e Comunicação do aplicativo de relacionamentos Tinder para América Latina, considera exitoso o trabalho de conectar pessoas desconhecidas, casais inter-raciais e homossexuais.

“No século passado, meus avós Bruno e Armanda viviam o que ficou conhecido por ‘unidos para sempre’, mas no tempo deles não havia mobilidade e tecnologia; hoje, muitos casais se separam”, disse na palestra de sexta-feira (18) à noite na Infoparty.

Ele defendeu a criação de mecanismos digitais mais humanizados como forma de ajuda ao próximo e para a prática do bem, como 0 aplicativo Ajuda já, de prevenção (por mensagens SMS) a situações de pânico e tentativas de suicídio. Iorio conta mais de sete anos de experiência em empresas multinacionais de tecnologia.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o suicídio é a uma das principais causas de morte de jovens entre 15 e 29 anos no mundo. Seu aplicativo surgiu após ele passar por experiências em que teve pensamentos suicidas.

“Esperamos que a tecnologia que substitui o ser humano, não substitua o seu emocional”, apelou ao público formado em sua maioria por jovens.

“Para a empresa se sobressair, tem que juntar tudo o que já existe e fazer diferente. Muitas vezes é preciso ser psicólogo do próprio usuário”, disse ao discorrer sobre o pensamento crítico.

Iorio investiu no Zen, o primeiro app de meditação do Brasil, e na BrotherTongue, startup francesa de inteligência artificial aplicada ao aprendizado de idiomas. Também fundou a ONG Apps do Bem.

Antes do Tinder, o site mais popular de relacionamentos era o Par perfeito, no qual as pessoas se cadastravam demoradamente. Iorio inovou com a introdução de movimentos de jogos e do “like” anônimo, segundo garante, pôs fim à rejeição, diminuindo o medo pessoa levar um fora da outra.

O que ele chama de “pensar fora da caixa” (sistema de Match) é hoje utilizado noutros setores. Surgiu a “tinderização” dos negócios, impulsionando a venda de empresas que agem dessa maneira.

Graduado em economia pela Universidade de Bocconi, em Milão (Itália), e com Mestrado em Relações Internacionais pela Universidade Johns Hopkins, em Washington (Estados Unidos),  Iorio fala fluentemente cinco idiomas (inglês, português, espanhol, italiano e francês).

No momento de extinção de algumas profissões, ele alinha seis razões para as pessoas deixarem a zona de conforto: flexibilidade cognitiva; altruísmo digital; criatividade e inovação; conhecimento da mente das pessoas; pensamento crítico; foco no resultado.

Estudou literatura, economia, relações internacionais, e contou que fez a Tinder com mentalidade fixa, “para se reerguer de novo”. Anteriormente fracassara em duas empresas e recorreu ao jiu-jitsu durante dez anos para melhorar o conhecimento corporal que o fez suportar situações difíceis, sem estresse.

Altruísmo digital – lembrou que 301 milhões de pessoas sofrem com depressão no mundo e existe uma onda de busca de soluções alternativas. “As pessoas precisam meditar ao menos um minuto por dia”.

“Gengis Khan não construiu nenhum edifício, nem tecnologia, não inventou ferramenta ou religião, mas foi inovador ao criar um império maior que do que o romano e outros da história antiga”, falou, a respeito de criatividade e inovação.

Brilhante estrategista, o imperador mongol  nasceu cercado de lendas sobre a vinda de um lobo cinzento que devorava toda a Terra. Ainda jovem matou o lobo e ficou muito famoso em sua tribo, enfrentou a rejeição de sua família por seu próprio clã, mas voltaria para conquistar sua liderança, vencer seus rivais de clãs distintos e unificar os povos mongóis sob seu comando

Segundo Iorio, 80% dos usuários de aplicativos atualmente os desinstalam em cinco dias. O estudo foi divulgado pela AppsFlyer, na qual o consumidor brasileiro foi listado como um dos que mais removem apps do celular. Foram analisados 13 territórios diferentes, constatando-se 20 milhões de desinstalações de 500 aplicativos entre setembro e outubro do ano passado.

O cálculo foi feito levando em conta uma divisão entre o número de desinstalações sobre o número de instalações. Nesse período, a taxa de remoção de aplicativos entre o público brasileiro (2º lugar no ranking) foi de 51% no Android.

Iorio reconheceu o sucesso do Uber, que só lançou o seu quando agregou valores aos seus serviços. A empresa de tecnologia que também chegou a Porto Velho vem transformando a maneira como as pessoas se movimentam pelas cidades. Conecta de maneira simples, motoristas parceiros e usuários através de app e dá oportunidade de negócios para motoristas parceiros.

Como crescer? – com campanhas orgânicas e pessoas engajadas em seu serviço. Marketing mal feito para Iorio é “alimentar fogueira com gasolina”. “Plataformas ruins afugentam”.

Aconselhou: “Criando um produto, não vá logo comprar anúncios no Google ou no Facebook, antes de consolidá-lo”.

Winz

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