Cientista brasileira Duília de Melo compartilha com público da Infoparty experiência de quase 30 anos em astronomia

A menina curiosa nascida em Jundiaí, no interior de São Paulo, e criada no subúrbio de Brás de Pina, no Rio de Janeiro, virou a mulher das estrelas.

Texto: Vanessa Moura Fotos: Bruno Corsino
Publicada em 18 de novembro de 2017 às 11:14
Cientista brasileira Duília de Melo compartilha com público da Infoparty experiência de quase 30 anos em astronomia

Cientista brasileira Duília de Melo compartilha com público da Infoparty experiência de quase 30 anos em astronomia

Direto de Washington nos Estados Unidos para a capital de Rondônia, Duília de Melo, pesquisadora do Instituto de Astrofísica e Ciência da Computação (IACS) e colaboradora com o Goddard Space Flight Center da NASA foi a responsável pela palestra de abertura nesta sexta-feira (17) da 2º edição da Infoparty, evento tecnológico promovido pelo governo de Rondônia em 48 horas ininterruptas de atividades tecnológicas.

A menina curiosa nascida em Jundiaí, no interior de São Paulo, e criada no subúrbio de Brás de Pina, no Rio de Janeiro, virou a mulher das estrelas. Fez importantes descobertas, como a Supernova 1997D e as Bolhas Azuis. Escreveu parte da sua trajetória como astrônoma e astrofísica no livro Vivendo com as Estrelas, mesmo tema da palestra que trouxe para compartilhar suas experiências na Infoparty. ‘‘Eu não conhecia Rondônia e sempre quis vir ao Norte mostrar a minha ciência e motivar os jovens’’, conta.

Divulgar a ciência já faz parte da missão de Duília, que tem uma preocupação especial que o público feminino também esteja engajado nesta área, que ainda é predominantemente masculina. Outra barreira que ela propõe ultrapassar é a forma como muitos ainda enxergam o cientista.

‘‘Existe uma imagem relativamente negativa do cientista porque há uma ideia que o cientista é gênio, mas não é assim, todas as pessoas podem ser cientistas, mas é claro que exige certo talento. Então o que a gente quer é que os jovens que gostam dessa área se projetem na carreira científica, porque nós precisamos de pessoas que tenham talento para ciência e façam descobertas importantes’’, disse.

Com uma carreira de quase 30 anos, Duília aponta avanços na astronomia brasileira. ‘‘Cresceu muito desde que eu comecei. Quase que já triplicou o número de astrônomos e eu vejo hoje uma astronomia muito jovem. Antes eu conhecia todos, agora já não conheço mais, tem muitos jovens. Também vejo uma mudança muito grande no profissionalismo. Temos astrônomos cada vez mais competentes participando de conferências internacionais. Eu vejo brasileiros em vários eventos que eu vou e me sinto muito orgulhosa disso’’, conta.

Duília também é um orgulho para o Brasil tendo se destacado inclusive fora do país. ‘‘A primeira descoberta que sou conhecida é a Supernova 1997D. Fui a primeira a ver uma estrela que explodiu. Eu estudo a evolução das galáxias e a estrela explodiu dentro de uma galáxia’’. A outra descoberta que tornou ela conhecida foram as Bolhas Azuis, em 2008.

‘‘São berçários de estrelas que nasceram do lado de fora das galáxias. É uma coisa intrigante porque as estrelas nascem dentro das galáxias, mas a gente descobriu que as galáxias quando colidem deixam material para o lado de fora e este material acaba formando estrelas que são chamadas Bolhas Azuis’’, explica ela.

Essas duas descobertas trouxeram sensações diferentes para Duília. ‘‘A Supernova teve um impacto especial na minha vida porque eu tinha acabado de defender meu doutorado e a gente acaba esquecendo porque a gente entrou para essa carreira. Então pra mim a emoção da descoberta e me dar conta que fui a primeira a ver aquilo me mostrou novamente porque que eu fiz astronomia. Fiz astronomia porque era uma menina curiosa que queria saber mais sobre o universo’’, conta.

‘‘Já as Bolhas Azuis é o que acredito que o projeto científico deve ser. É você ter uma pergunta, que no caso era saber se as colisões entre as galáxias passam por algum processo interessante, e isso nos levou a descoberta. Eu me sinto muito orgulhosa com esta descoberta porque começou com uma pergunta e terminou com uma resposta’’, disse.

Ela esclarece ainda que a descoberta das Bolhas Azuis envolveu outros brasileiros, como a professora da Universidade de São Paulo Cláudia de Oliveira e mais dois estudantes de doutorado. E foi através dessa descoberta que surgiu o interesse de contar as experiências científicas em livro, o Vivendo com as Estrelas.

Como incentivadora e inspiração para novos cientistas, Duília parabenizou o governo pela iniciativa em promover ciência e tecnologia através da Infoparty. ‘‘Acho fantástico porque isso pode levar muitos a virarem jovens cientistas, fazerem descobertas e promoverem a inovação tecnológica. Temos que mostrar o que temos agora para depois eles quererem fazer mais’’, considera.

Winz

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