Cassol fala do caso Naiara, da prisão do filho e de seu quase vice e afirma não ver problema em deixar cargo no Senado

“Enquanto tiver recurso , sou senador. Se tiver que entregar o cargo amanhã, entrego sem nenhum problema. Não tenho apego ao poder”.

Publicada em 19 de September de 2014 às 16:42:00

Da reportagem do Tudorondonia


Ladeado pela irmã Jaqueline Cassol e pela mulher, Ivone Cassol, o senador Ivo Cassol (PP) reuniu a imprensa na manhã desta sexta-feira, no Hotel Rondon, em Porto Velho, para repetir que é inocente no caso de sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por fraude em licitação na época em que era prefeito de Rolim de Moura. Na ponta da mesa estava o deputado federal Carlos Magno.Jaqueline é candidata a governadora pelo PR, Carlos Magno é candidato a vice e Ivone Cassol disputa o Senado.

Cassol decidiu convidar a imprensa para a entrevista após o STF não conhecer, nesta quinta-feira, os embargos declaratórios (uma espécie de recurso) interpostos por sua defesa naquela Corte.

O  senador está condenado a quatro anos e oito meses de detenção. Com a publicação da decisão desta quinta, o STF deve mandar executar a pena. Consequentemnete, ele perderá o cargo.

O senador foi condenado a cumprir a pena no regime semiaberto. Ele poderá sair durante o dia para trabalhar, mas deve se recolher à noite a um albergue. Também não ficou definido se utilizará tornozeleira.

Preocupado com a repercussão desta  recente decisão  do STF na campanha eleitoral da irmã e da mulher, Ivo Cassol chamou a imprensa para repetir que é inocente e que não se deu por vencido.

Ele disse que possui um parecer recente do Tribunal de Contas da União que considera correto o que ele fez como prefeito de Rolim de Moura e que resultou em sua condenação pela mais alta corte do Brasil. Para Cassol, este é um fato novo que lhe abriria a possibilidade de um recurso junto ao próprio STF, embora ele próprio tenha reconhecido que não juntou o tal parecer no seu processo “porque não deu tempo”.

Ao abrir a entrevista, Cassol falou de uma série de problemas envolvendo sua família com  a polícia e a justiça. Começou rememorando a prisão de seu filho, Ivo Junior Cassol, acusado, na época, de tráfico de influência para favorecer um grupo mafioso do Espírito Santo. Junior Cassol ficou mais de uma semana preso, mas foi posteriormente inocentado pela justiça.
Para constrangimento de alguns correligionários, Cassol lembrou também que, durante a disputa -em que saiu vitorioso- pelo Governo do Estado, o  então candidato a vice em sua chapa, Carlos Magno, passou 105 dias preso em decorrência da Operação Dominó. Na época, Magno teve de ser substituído na chapa por João Cahula.

CASO NAIARA KARINE
Sem que ninguém lhe perguntasse ou tocasse no assunto, Ivo cassol saiu em defesa da irmã, Jaqueline Cassol, candidata a governadora, no caso Naiara Karine, a estudante de jornalismo que foi estuprada e assassinada com 21 facadas num crime bárbaro   ainda envolto em mistérios, pois apenas estão sendo condenados os executores, sem que a polícia tenha chegado aos mandantes ou mandante. 

“Tentaram enlamear o nome de minha irmã só porque essa garota morta trabalhava na loja dela”, disse.

FARIA TUDO DE NOVO
Embora tenha sido condenado por fraude em licitação, uma modalidade de corrupção, Cassol considera que não fez nada de errado e disse que se fosse preciso faria tudo de novo. Lembrou também que responde a vários outros processos devido a sua “persistência em querer atender a população”.

Acrescentou que, durante a sessão de julgamento no ano passado no STF, “em momento algum os ministros citaram desvios, superfaturamento de preços ou má gestão dos recursos públicos” da parte dele.

“Os ministros reconheceram que a obra foi executada, mas que houve fragmentação na licitação. Agora o Senado consultou o TCU sobre procedimento idêntico e aquele órgão emitiu um parecer favorável ao que foi feito na época em Rolim de Moura, mas não deu tempo de botar este relatório no processo, que só chegou às minhas mãos no começo da semana”.

Para Ivo Cassol, este suposto documento que ele diz possuir , “por ser um fato novo”, lhe daria condições de reabrir o caso (que já está praticamente transitado em julgado), apresentando um novo recurso.

Com o trânsito em julgado , o que deverá ocorrer na próxima semana com a publicação do resultado do julgamento dos embargos, cessa a possibilidade de recurso. Mas Cassol não desiste: “Vou entrar com novo recurso. Os meus adversários trabalharam para que o Supremo apressasse o meu julgamento, mas caíram do cavalo. Não vou esmorecer. Eles trabalharam nos bastidores para inviabilizar o projeto de mudança em Rondônia, representado pela candidatura da Jaqueline”, disse o senador.

"TIRADENTES FOI CRUCIFICADO"

Ivo Cassol afirmou que não terá vergonha de cumprir a pena imposta a ele pelo STF. “Cumpri meu papel. Não desviei nem causei prejuízo ao erário. Mesmo baqueado, peço aos correligionários que não esmoreçam. Se pegarem a história do Brasil vão ver muitos heróis crucificados (sic). Aqui em Rondônia não é diferente”.

Um repórter, depois de perguntar a Cassol que herói brasileiro foi crucificado e receber  como resposta  " Tiradentes"*, quis saber se o senador estava se colocando no papel de herói rondoniense. 

“Para mim aqui em Rondônia o herói foi Jorge Teixeira, que saiu vaiado do Palácio”, explicou.
Por último, sobre a iminente perda do cargo, ele arrematou: “Enquanto tiver recurso , sou senador. Se tiver que entregar o cargo amanhã, entrego sem nenhum problema. Não tenho apego ao poder”.

*Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi enforcado.

Executado e esquartejado, com seu sangue se lavrou a certidão de que estava cumprida a sentença, tendo sido declarados infames a sua memória e os seus descendentes. Sua cabeça foi erguida em um poste em Vila Rica, tendo sido rapidamente cooptada e nunca mais localizada; os demais restos mortais foram distribuídos ao longo do Caminho Novo: Santana de Cebolas (atual Inconfidência, distrito de Paraíba do Sul), Varginha do Lourenço, Barbacena e Queluz (antiga Carijós, atual Conselheiro Lafaiete), lugares onde fizera seus discursos revolucionários. Arrasaram a casa em que morava, jogando-se sal ao terreno para que nada lá germinasse (Wikipedia).