Campus da Unir é tomado pelo mato e pelo lixo e falta até água para beber

A explicação para o acúmulo de sujeira é que a equipe encarregada da limpeza é terceirizada e não recebe salário desde o mês de junho.

Publicada em 19/12/2012 às 08:50:00

Da reportagem do Tudorondônia

Porto Velho, Rondônia – Acadêmicos da Universidade Federal de Rondônia (Unir) reclamam do estado de abandono verificado no campus de Porto Velho. O mato toma conta do local, há lixo para todo lado, as salas e banheiros não são limpos desde que terminou a greve dos professores, que durou quatro meses. Para completar, agora não há nem mesmo água para beber. Quem tem sede precisa ir até a cantina para comprar água mineral.

A explicação para o acúmulo de sujeira é que a equipe encarregada da limpeza é terceirizada e não recebe salário desde o mês de junho. A Unir não estaria pagando pela prestação do serviço.

O pessoal que faz a segurança do campus também não estaria recebendo desde o início da greve de professores. Recentemente os acadêmicos foram surpreendidos com os portões fechados. Era um protesto dos vigias. Os acadêmicos tiveram que deixar os carros fora do campus.

De acordo com acadêmicos, professores já chegaram a alertar para o risco de o campus fechar. Há algumas semanas uma emissora de televisão mostrou a situação caótica e em seguida soldados do Exército foram até lá e durante dois dias capinaram e limparam o local. Acontece que, devido às chuvas, o mato cresceu rápido e tomou conta de tudo novamente. A situação é pior durante a noite, porque a iluminação é precária.

O famoso Tatuzão, local onde são realizadas as aulas práticas do curso de Educação Física, já ficou conhecido pelos acadêmicos como o motel da Unir. Além de estar no meio do mato, está visivelmente abandonado.

Os acadêmicos também sofrem com o calor, porque em diversas salas de aula o ar condicionado está com defeito. Com o calor, vem a sede, o que os obriga a gastar na lanchonete, porque não há água nos bebedouros. Alguns cursos são integrais, por isso centenas de pessoas passam o dia na Unir. Muitos não têm condições financeiras para ficar gastando na cantina quando estão com sede.

Além da falta de estrutura existente no campus, outros fatores geram reclamações, como a falta de professores que conheçam Libras, a linguagem de sinais. Diante disso é impossível para portadores de deficiência auditiva ingressar na Unir.

Os ônibus que levam acadêmicos até o campus estão em situação precária. Os ônibus são velhos e em quantidade insuficiente. A fiscalização não perdoa a ausência de cinto de segurança nos automóveis de passeio, mas de acordo com acadêmicos estaria fazendo “vistas grossas” diante da situação de quem é transportado amontoado, alguns pendurados na porta de entrada dos ônibus lotados.

Cartazes espalhados pelo Campus mostram a insatisfação dos acadêmicos, que ameaçam parar no próximo mês de janeiro, exigindo melhores condições para estudar. Seria a terceira greve em dois anos.