A importância da merenda no currículo escolar

Valdemir Caldas (*)

Publicada em 28/01/2013 às 07:57:00

Desde 2009, tramita, no Senado Federal, um projeto de lei, de autoria do senador Cícero Lucena (PSDB-PB), propondo a distribuição da merenda escolar aos alunos matriculados na rede pública de ensino, no período de férias.

Além do caráter nutricional de que se reveste a proposta do parlamentar paraibano, ela tem o condão de incentivar uma maior participação do alunado na escola e, consequentemente, o êxito estudantil das crianças e dos adolescentes.

O projeto foi objeto de matéria jornalística da agência senado, reproduzida, recentemente, no jornal impresso Gazeta de Rondônia.

Pesquisas revelam que uma criança mal alimentada não tem o mesmo rendimento daquela que recebe uma alimentação saudável. Entretanto, em vez de contribuir para que a merenda tenha peso decisivo no currículo escolar, as autoridades precisam atacar as causas da miséria.

Não é preciso ser especialista em coisa nenhuma para saber que parcela significava dos alunos da rede pública só vai à escola por causa da merenda. Estima-se que esse número chegue à casa dos 40% (quarenta por cento) ou mais.

Lamentavelmente, a merenda tem mais peso na composição da qualidade do ensino do que livros, professores qualificados e escolas bem equipadas.

Esse é o retrato em preto e branco da ausência de uma política de educação séria, que não vise apenas o paternalismo pelo paternalismo.

O Brasil luta para garantir acento nas primeiras cadeiras do bloco mundial, mas nosso sistema educacional não tem sequer cadeira para sentar-se, dignamente.

A maioria dos nossos dirigentes, nos três níveis de poder, insiste em relegar a educação de seu povo (bem maior de toda e qualquer nação dita séria e desenvolvida), a um plano secundário.

Não temos política educacional. O que há é um arremedo de projeto, um faz-de-conta, onde tudo funciona à base da improvisação. É por isso que a merenda escolar pesa tanto na frequência da escola.

A criança não deve ir à escola apenas em função da merenda escolar. Este é um quadro cruel, que precisa ser pintado com cores vivas.

O descaso com a educação é geral, aqui e alhures. E o pior é que ninguém assume o ônus causado pela implantação de medidas inócuas, eleitoreiras e extemporâneas, que vão do nada a lugar nenhum.

Não se diga, porém, que faltam recursos. Dinheiro há. O problema reside na falta de competência, de gerenciamento e de compromisso com o setor.

Que o problema da educação, no Brasil, é gritante, não se poder negar. Mais vergonhoso, ainda, é verificar que a merenda escolar é responsável por quase a metade da permanência dos alunos em sala de aula.

Quando isso acontece, alguma coisa está errada. E, no nosso caso, muitas coisas estão erradas. Não se pode admitir que a qualidade do ensino seja colocada em segundo plano, principalmente, quando se fala tanto em modernidade. O Brasil jamais será moderno enquanto seus filhos forem miseráveis.