Agevisa capacita profissionais para controlar a hanseníase, que ainda é endêmica em Rondônia

Em 2014, o Estado teve 88,8% de cura dos casos de hanseníase nos anos da Coorte (estudo da situação dos casos em determinado período).

Publicada em 02 de July de 2015 às 21:32:00

 

No período de sete anos (2007 a 2014), o número de novos casos de hanseníase diminuiu de 1.166 para 706 em Rondônia.

“Hanseníase tem cura, o diagnóstico precoce evita deformidades”, alertou a coordenadora do Programa Estadual de Controle da Hanseníase na Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), Marlene Salete dos Santos.

Marlene Salete fotos de ésio Mendes Gevisa (3)

Marlene Salete, coordenadora

Em 2014, o Estado teve 88,8% de cura dos casos de hanseníase nos anos da Coorte (estudo da situação dos casos em determinado período). O exame de contatos intra-domiciliares alcançou 82,6% e a avaliação de incapacidades físicas no momento do diagnóstico, 95,5%.

Em Rondônia, a cada ano são encontrados, em média, 40 doentes de hanseníase por 100 mil habitantes. Para o controle da doença deveria ter 10 ou menos que 10 doentes nesses 100 mil, segundo a Organização Mundial de Saúdee.

“Esse índice é considerado endêmico em Rondônia. Outro indicador que nos coloca em situação de endemia é a detecção da doença em crianças, que em 2013 foi de 13.4/100 mil”, explicou a coordenadora.

Apesar de todos os cuidados e dos esforços federal e estadual, estima-se que 30% dos pacientes acometidos por hanseníase, mesmo depois do tratamento com a associação de antibióticos conhecida por poliquimioterapia (PQT), estão sujeitos a fenômenos imunológicos agudos chamados episódios reacionais ou reação hansênica.

CINCO REGIÕES MOBILIZADAS

Para atualização do manejo clínico dos estados reacionais em hanseníase, a Agevisa reunirá, do dia 7 ao dia 9, profissionais de saúde das Regionais Madeira-Mamoré, Vale do Jamari, Zona do Café, Zona da Mata e Cone Sul, respectivamente em Porto Velho, Cacoal e Ji-Paraná.

Eles participarão de palestras com especialistas do Ministério da Saúde, Instituto Lauro de Souza Lima (Bauru-SP) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Esse evento faz parte do Dia Estadual de Mobilização para o Tratamento da Hanseníase, celebrado em 7 de julho, data de nascimento da enfermeira Wally Hirschmann, já falecida.

“Graças ao compromisso dessa enfermeira, o Programa Estadual de Controle da Hanseníase começou a ser estruturado na década de 1990, e tivemos importantes conquistas”, assinalou Marlene dos Santo.

A coordenadora se refere ao reconhecimento de Rondônia como referência nacional e internacional em reabilitação física na hanseníase. Sob a orientação e liderança de Wally, o Estado obteve parcerias que até hoje persistem, uma delas com a organização holandesa NHR.

“A campanha estadual começa no dia 7, mas se estenderá por todo o mês, e as ações durante o ano todo”, informou Marlene.

Municípios rondonienses dependem atualmente do programa estadual para formalizar parcerias de capacitação de equipes de estratégia de saúde da família (ESF) e atualização de profissionais por meio de fóruns e seminários. A Agevisa supervisiona os municípios com apoio técnico e logístico, especialmente em mutirões de atendimento.

hanseniase_cartazAções de controle da doença são atribuições da atenção básica em saúde, nos postos e centros. Compete à Coordenadoria planejar a distribuição de medicamentos, acompanhar indicadores e desenvolver ações para melhorá-los. O tratamento é ambulatorial, com doses mensais supervisionadas na unidade de saúde e doses auto-administradas no domicílio.

SINAIS, SINTOMAS E TRANSMISSÃO

❶ A doença é infecciosa, atinge a pele e nervos dos braços, mãos, pernas, pés, rosto, orelhas, olhos e nariz. O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas é longo. Pode variar de 2 até mais de 10 anos.

❷ A transmissão se dá por meio de uma pessoa doente que apresenta a forma infectante da doença (multibacilar – MB) e que, estando sem tratamento, elimina o bacilo por meio das vias respiratórias (secreções nasais, tosses, espirros).

❸ Hanseníase não se transmite por meio de pratos, talheres, copos. Desnecessário separá-los da pessoa que tem a doença. Isso também não ocorre quando se dão apertos de mãos, abraço, beijo e contatos rápidos em transporte coletivo ou serviços de saúde.

❹ Sinais e sintomas: manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo com perda de alteração de sensibilidade; área de pele seca e com falta de suor; área da pele com queda de pelos, especialmente nas sobrancelhas; áreas da pele com perda ou ausência de sensibilidade; dor e sensação de choque, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços  das pernas, inchaço de mãos e pés.


Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Esio Mendes